Opinião: o resultado de ontem foi lucro para o Fluminense

Não é nenhuma novidade que não há torcedor do Fluminense feliz com o resultado de ontem: não só falamos de uma final como uma final contra um time que já se colocou como um dos nossos maiores rivais. Uma derrota com um polêmico lance no primeiro tempo e um gol anunciado aos 93 nunca será um resultado positivo. E dito tudo isso, o resultado foi ótimo para o Fluminense, levando em conta todo o contexto – e o que poderia ter sido.

Óbvio que é impossível negar que, caso o pênalti no Cano fosse apitado, o jogo teria um rumo completamente diferente. Mas também é justo afirmar que, com exceção desse lance, o 1×0 saiu como um resultado até barato, vide as mais de 20 finalizações equatorianas.

O Fluminense definitivamente não fez um bom jogo. Claro que o contexto da altitude deve ser levado em consideração, mas a impressão que tivemos é que o time não estava preparado para lidar justamente com esse contexto. Ninguém esperava que o time conseguisse lidar fisicamente com a pressão atmosférica, mas talvez fosse esperado um melhor preparo tático.

Fluminense deveria ter “desistido” de sua identidade?

Nunca fui a favor de ver o Fluminense “traindo” seu estilo de jogo, mesmo em partidas que indicariam o contrário. Contra o City no Mundial, mesmo com a derrota acachapante, seria difícil o time se portar de forma diferente do que fez no ano todo. Mas ontem, era necessário entender que não se tratava de um adversário mais técnico, tático ou preparado. Se tratava de um contexto completamente diferente.

Como era de se esperar, não são só os jogadores que sentem a diferença a mais de dois mil metros acima do mar: a bola se comporta de maneira completamente diferente, correndo muito mais que o normal e com “ricoteches” impossíveis de dominar. Justamente por tudo isso, definitivamente esse não era o jogo para se trocar passes ou realizar o famigerado “caos organizado” de Diniz.

Fluminense

O torcedor sentiu muitos sustos ao longo da partida, já que a LDU obviamente tem a experiência de se jogar nesse cenário. Os chutes de longa distância ou a marcação forçando os passes longos não dariam certo nunca no Maracanã – mas obviamente são a fórmula para se atuar em Quito.

Seria duro dizer que o 1×0 foi ótimo. Perder nunca é ótimo. Mas também não é exagero dizer que o resultado saiu até barato – ainda mais se fizermos como o juiz e ignorarmos o pênalti em Cano.

E claro que a diferença de um gol é totalmente possível de ser revertida (e superada) no Maracanã – ou qualquer outro estádio no nível do mar. O resultado não foi dos piores e, dentro do “planejamento” dos torcedores mais realistas, até esperado.

O único retro gosto realmente negativo que a partida deixou foi a atuação do time. Não no sentido físico, porque ninguém esperava que em dois dias de preparação o elenco já estivesse acostumado com o ar rarefeito. Mas sim no sentido de parecer por vezes que o time só percebeu quando estava em campo que o jogo seria assim.

O importante é que, mais do que nunca, temos a chance de conquistar mais um troféu e de quebra sob o nosso maior rival fora do país. E como foi dito durante todo o ano de 2023, “seremos”. Mas com certeza isso passa por jogar melhor do que jogamos.

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